Articular cultura, diversidade e desenvolvimento, esta parece ser a mais urgente e
complexa tarefa das políticas públicas de cultura, especialmente nos contextos onde
de forma singular e perversa, a riqueza cultural convive com uma dramática pobreza
econômica. Tais cenários de complexa ambigüidade são hoje, objeto de profunda
reflexão e articulação política, de forma a permitir uma integração positiva e
propositiva.
O século XXI nasce com o desafio de ir além do reconhecimento antropológico da
diversidade cultural como o maior patrimônio da humanidade. Não se trata de
abandonar a contínua tarefa da reafirmação deste princípio, trabalho constante dos
pesquisadores e educadores. Mas de agregar a esta, a urgência do enfrentamento de
sua dimensão política e econômica.
Dois aspectos podem ser aqui destacados:
• a diversidade cultural deve estar conjugada sempre e de forma indissociável
com a perspectiva do pluralismo cultural, espécie de dimensão política que lhe
aproxima e lhe fortalece como componente central dos direitos fundamentais
da humanidade;
• a diversidade cultural deve também ser provedora de sobrevivência digna:
geradora de riquezas operadas sob a lógica da distribuição e da superação das
desigualdades.
Para tanto, fortalecer os conceitos que sustentam os discursos e transformar a palavra
em ação, são pré-requisitos para a transformação desejada.
O conceito de cultura possui uma amplitude antropológica central para a compreensão
da questão da diversidade. Cultura refere-se tanto ao modo de vida total de um povo -
isso inclui tudo aquilo que é socialmente aprendido e transmitido, quanto ao processo
de cultivo e desenvolvimento mental, subjetivo e espiritual, através de práticas e
subjetividades específicas, comumente chamadas de manifestações artísticas. Cultura
aqui, pode ser entendida como um todo que humaniza este ser vivo chamado homem,
mas também como uma parte deste todo, onde através de operações simbólicas
singulares, esta condição humana é reinventada: as artes.
Diversidade cultural refere-se, portanto, aos diversos modos de agir com e sobre a
natureza, mas também aos dinâmicos e inesgotáveis processos de atribuição de
sentidos e significados.
A idéia de desenvolvimento que a cultura realiza e que aqui se afirma é tanto a
geração de um bem subjetivo - o desenvolvimento espiritual do homem e o
aprimoramento das relações sociais através dos inúmeros processos de socialização,
quanto a constituição de uma economia de bens simbólicos, um mercado de trocas de
sentidos que permite e desafia a vida coletiva.
Na primeira dimensão a cultura gera desenvolvimento humano porque fornece
instrumentos de conhecimento, reconhecimento e auto-conhecimento. Ou seja, gera
identidade. Na segunda dimensão a cultura oportuniza a vida coletiva e pode incidir
sobre as condições materiais de vida, gerando riquezas e organizando um mercado de
bens culturais.
A partir dos anos 70 do século passado, o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), institucionalizou tais possibilidades, construindo novos
paradigmas para o desenvolvimento, ao substituir os indicadores estritamente
econômicos do desenvolvimento por indicadores humanos. O desenvolvimento
humano passa a medir o processo de mudança social e econômica em termos de
potencialidades e capacidades do ser humano, incluindo sua liberdade social,
econômica e política, bem como suas oportunidades de saúde, educação, criação e a
possibilidade de desfrutar de respeito pessoal e dos direitos humanos.
O direito à cultura, entendido como direito a produção, difusão e consumo de sua
própria cultura e da cultura do outro, passa a fazer parte do conceito de
desenvolvimento humano.
Mais de 30 anos depois, a equação entre a cultura e desenvolvimento humano
encontra no debate sobre a diversidade cultural, ambiente propício para atualização.
Entretanto, isso pressupõe para além de novos paradigmas a adoção de
compromissos políticos, sem os quais tudo não passa de evasivas idealidades: São
eles:
a adoção dos princípios de crescimento auto-sustentado, ou seja, crescimento
que busca integrar passado, presente e perspectiva de futuro e, portanto,
desenvolvimento capaz de agredir o mínimo e durar o máximo;
o compromisso com a harmonia entre a lógica do simbólico e razão do
mercado de forma a resgatar o sentido da dádiva, ou seja, o reconhecimento
da vida social como um constante dar e receber;
o desenvolvimento de uma atitude de respeito tanto para com o patrimônio
cultural quanto para com o patrimônio natural. O trabalho com o acervo
material e o acervo imaterial de nossas memórias;
a utilização da cultura como estratégia de redução das desigualdades locais,
regionais e mundiais; e
A constituição de modelos democráticos de tomadas de decisões.
Revitalizar o debate, fazê-lo ir além das fronteiras dos espaços acadêmicos e das
instituições formais, traduzi-lo em compromissos éticos e metodologia de ação e
intervenção sócio-cultural, são algumas das urgências que o Observatório da
Diversidade Cultural da PUC Minas pretende enfrentar de forma integrada à GERM e
demais parceiros.
complexa tarefa das políticas públicas de cultura, especialmente nos contextos onde
de forma singular e perversa, a riqueza cultural convive com uma dramática pobreza
econômica. Tais cenários de complexa ambigüidade são hoje, objeto de profunda
reflexão e articulação política, de forma a permitir uma integração positiva e
propositiva.
O século XXI nasce com o desafio de ir além do reconhecimento antropológico da
diversidade cultural como o maior patrimônio da humanidade. Não se trata de
abandonar a contínua tarefa da reafirmação deste princípio, trabalho constante dos
pesquisadores e educadores. Mas de agregar a esta, a urgência do enfrentamento de
sua dimensão política e econômica.
Dois aspectos podem ser aqui destacados:
• a diversidade cultural deve estar conjugada sempre e de forma indissociável
com a perspectiva do pluralismo cultural, espécie de dimensão política que lhe
aproxima e lhe fortalece como componente central dos direitos fundamentais
da humanidade;
• a diversidade cultural deve também ser provedora de sobrevivência digna:
geradora de riquezas operadas sob a lógica da distribuição e da superação das
desigualdades.
Para tanto, fortalecer os conceitos que sustentam os discursos e transformar a palavra
em ação, são pré-requisitos para a transformação desejada.
O conceito de cultura possui uma amplitude antropológica central para a compreensão
da questão da diversidade. Cultura refere-se tanto ao modo de vida total de um povo -
isso inclui tudo aquilo que é socialmente aprendido e transmitido, quanto ao processo
de cultivo e desenvolvimento mental, subjetivo e espiritual, através de práticas e
subjetividades específicas, comumente chamadas de manifestações artísticas. Cultura
aqui, pode ser entendida como um todo que humaniza este ser vivo chamado homem,
mas também como uma parte deste todo, onde através de operações simbólicas
singulares, esta condição humana é reinventada: as artes.
Diversidade cultural refere-se, portanto, aos diversos modos de agir com e sobre a
natureza, mas também aos dinâmicos e inesgotáveis processos de atribuição de
sentidos e significados.
A idéia de desenvolvimento que a cultura realiza e que aqui se afirma é tanto a
geração de um bem subjetivo - o desenvolvimento espiritual do homem e o
aprimoramento das relações sociais através dos inúmeros processos de socialização,
quanto a constituição de uma economia de bens simbólicos, um mercado de trocas de
sentidos que permite e desafia a vida coletiva.
Na primeira dimensão a cultura gera desenvolvimento humano porque fornece
instrumentos de conhecimento, reconhecimento e auto-conhecimento. Ou seja, gera
identidade. Na segunda dimensão a cultura oportuniza a vida coletiva e pode incidir
sobre as condições materiais de vida, gerando riquezas e organizando um mercado de
bens culturais.
A partir dos anos 70 do século passado, o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), institucionalizou tais possibilidades, construindo novos
paradigmas para o desenvolvimento, ao substituir os indicadores estritamente
econômicos do desenvolvimento por indicadores humanos. O desenvolvimento
humano passa a medir o processo de mudança social e econômica em termos de
potencialidades e capacidades do ser humano, incluindo sua liberdade social,
econômica e política, bem como suas oportunidades de saúde, educação, criação e a
possibilidade de desfrutar de respeito pessoal e dos direitos humanos.
O direito à cultura, entendido como direito a produção, difusão e consumo de sua
própria cultura e da cultura do outro, passa a fazer parte do conceito de
desenvolvimento humano.
Mais de 30 anos depois, a equação entre a cultura e desenvolvimento humano
encontra no debate sobre a diversidade cultural, ambiente propício para atualização.
Entretanto, isso pressupõe para além de novos paradigmas a adoção de
compromissos políticos, sem os quais tudo não passa de evasivas idealidades: São
eles:
a adoção dos princípios de crescimento auto-sustentado, ou seja, crescimento
que busca integrar passado, presente e perspectiva de futuro e, portanto,
desenvolvimento capaz de agredir o mínimo e durar o máximo;
o compromisso com a harmonia entre a lógica do simbólico e razão do
mercado de forma a resgatar o sentido da dádiva, ou seja, o reconhecimento
da vida social como um constante dar e receber;
o desenvolvimento de uma atitude de respeito tanto para com o patrimônio
cultural quanto para com o patrimônio natural. O trabalho com o acervo
material e o acervo imaterial de nossas memórias;
a utilização da cultura como estratégia de redução das desigualdades locais,
regionais e mundiais; e
A constituição de modelos democráticos de tomadas de decisões.
Revitalizar o debate, fazê-lo ir além das fronteiras dos espaços acadêmicos e das
instituições formais, traduzi-lo em compromissos éticos e metodologia de ação e
intervenção sócio-cultural, são algumas das urgências que o Observatório da
Diversidade Cultural da PUC Minas pretende enfrentar de forma integrada à GERM e
demais parceiros.
Postado por bibiu do jatobá - Autor do texto: José Márcio Barros.
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