LAU SIQUEIRA - Presidente da FUNESC - Espaço Cultural
Considero o francês Edgar Morin um dos mais lúcidos pensadores do mundo contemporâneo. O que é pensado sobre a Europa do século XX, serve para a realidade do Cariri, do Curimataú, do Seridó, do Brejo ou qualquer região da Paraíba neste começo do século XXI. A homogeneização, a padronização, a degradação e o extravio das diversidades culturais, pelo menos, se assemelham. Não é de outra coisa que Morin está falando no livro “Rumo ao Abismo? – Ensaio sobre o destino da humanidade” se não da chegada dos paredões e da mercantilização da cultura nos terrenos sagrados da diversidade e da identidade cultural nordestina, nos sítios onde ainda resistem os Bois de Reis, os Reisados e as bandas de Pífano. Claro que não é só na Paraíba. Em outras regiões também é assim. Do município de Cruzeiro do Sul, no Acre até Uruguaiana, no extremo sul do RS. Somos regidos pela globalização.
Considero o francês Edgar Morin um dos mais lúcidos pensadores do mundo contemporâneo. O que é pensado sobre a Europa do século XX, serve para a realidade do Cariri, do Curimataú, do Seridó, do Brejo ou qualquer região da Paraíba neste começo do século XXI. A homogeneização, a padronização, a degradação e o extravio das diversidades culturais, pelo menos, se assemelham. Não é de outra coisa que Morin está falando no livro “Rumo ao Abismo? – Ensaio sobre o destino da humanidade” se não da chegada dos paredões e da mercantilização da cultura nos terrenos sagrados da diversidade e da identidade cultural nordestina, nos sítios onde ainda resistem os Bois de Reis, os Reisados e as bandas de Pífano. Claro que não é só na Paraíba. Em outras regiões também é assim. Do município de Cruzeiro do Sul, no Acre até Uruguaiana, no extremo sul do RS. Somos regidos pela globalização.
Movida pelo jabá, a
mídia cumpre um trágico papel neste cenário. George Orwell já falava disso no
livro 1984. Segundo Orwell, nesse tempo de modernidades diluídas que vivemos,
as músicas seriam feitas por computador. Se não é isso que acontece hoje, é
quase isso. Mas, não é apenas na música, onde o time do “lek lek lek” vai
goleando o time do “tengo lengo tengo”. Também o fenômeno ocorre em outras
áreas. Até mesmo na fabricação de instrumentos. Um certo luthier de Cajazeiras não
fabrica mais violinos, pois não há como competir com a produção massificada do capitalismo selvagem made in China.
As mazelas da
mercantilização não são poucas. É onde mora a lógica do capital: o lucro como
objeto do desejo. O pão e o circo em algumas demandas culturais devastadoras, enriquece
ilicitamente bandidos simpáticos e sustenta os rebolados nas demandas sociais
mais deprimentes. Como a erotização da infância, a degradação da imagem
feminina e a homofobia, por exemplo. Algumas expressões musicais, sem dúvidas,
muito antes de demarcar terreno no populismo cultural, avançam sobre processos
de corrupção e aniquilamento das identidades regionais alijadas de qualquer
disputa num mercado monopolista. Os Mestres da cultura tradicional brasileira
correm o risco de desaparecimento em nome de um “folclore planetário”. Os focos
de resistência em governos ditos progressistas começam a escorrer pelos dedos.
Os mercados locais e regionais da cultura passaram a ser objeto de movimentos
da sociedade e não mais de governos que optaram pelo popuaresco, desprezando uma
geração inteira de criadores, pensadores e Mestres da Cultura. Seja nos pampas,
no cerrado ou nos sertões. Enfim, o século XXI potencializa suas mazelas.
Todavia, quando o cenário é de ameaças, o palco é da resistência.
Artigo publicado hoje no Jornal A União - Paraíba, João Pessoa.
Artigo publicado hoje no Jornal A União - Paraíba, João Pessoa.
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