POETA ALAGOAGRANDENSE SAULO MENDONÇA |
- Por quê?
- Porque quase tudo mudou, meu amigo. E isto é muito ruim e desolador. Hoje apenas brincamos de ser criança. E só brincamos quando conseguimos sê-las um pouco, quando na configuração do pensamento, nos bate à porta com a generosa impressão, de tentar trazê-la de volta pra vivermos assim, levados ao agasalho de um certo mundo ilusório. Sentimos um pouco do ilibado gesto que simboliza e alimenta a alminha leve das crianças, essas pobres crianças do nosso Brasil tão brasileirinho e tão intransigentemente avassalador. É lamentável que - isto tudo - nos acelere os impulsos de viver, nos quais há tão poucas esperanças e muito a temer.
As escolas estão fechando as portas, as ruas passando a ser - cada vez mais -os seus leitos, enquanto outras morrem incendiadas e quando não, já tantas outras morreram por outras razões. Tantas passam fome, além da sede de justiça, de menos preconceito e de menor abandono.
E agora? A criança também está sendo objetos da perversão de uma arte inventada, criada por alguém que faz “arte” pra teatralizar uma história de criança tocar em homens totalmente desnudos. É que os adultos perderam a visão de pureza e de seriedade. Consideram que nossos princípios são piegas e ultrapassados. Nunca vi que moral tivesse que seguir o tempo. O tempo é que tem que acompanhar a moral – durante todo tempo - a moral tem que andar à frente de tudo, nutrida e substanciada por um resquício de caracteres que ainda existe para integrar o homem para o futuro.
Por tanto vilipendiarem este princípio, a criança que cresce com saúde no corpo, logo é desviada psicologicamente, sem medida e sem controle, por tangentes que divergem e esmagam a planura natural do mundo. Não há mais sentido dizer: "eu fico com a resposta da pureza das crianças".
Então, se destrói tudo e fica por isto mesmo. As crianças, geralmente, não têm mais infância. Os pais saem levando-as a restaurantes ou festas, e as suas suas atenções terminam sendo dissipadas, vilipendiadas, desviadas.
A pedofilia aumenta a cada dia. Milhares de casos ainda estão impunes. Se é difícil ser adulto, imaginem o que dizer dessas crianças indefesas, numa guerra tão pungente, indecente e dilacerante que se chama modernidade, essa cultura vanguardista sem vergonha, sem lei nem homens.
A criança que existe em mim, (em nós) hoje está extremamente triste e isto não é brinquedo, muito menos, brincadeira.
(Saulo Mendonça)
Editado por Severino Antonio (bibiu).
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