LEI ALDIR BLANC NA PARAIBA VAI TER COTAS SIM PARA OS PRETES |
Trabalhadoras e trabalhadores pretos e periféricos da cultura na Paraíba agora serão beneficiados com cotas raciais na aplicação dos recursos federais da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc. Eles poderão ter acesso mais fácil a 30% do saldo estimado de pouco mais de R$ 19 milhões do ano passado.
Os novos editais da Lei Aldir Blanc deverão ser lançados breve. “A utilização dos 19 milhões restantes, nessa segunda fase, cuja aprovação sairá breve, abrirá muitos e diversificados editais, que, em quantidade e qualidade, serão significativos quanto a essas necessidades emergenciais”.
Na reunião, realizada nesta sexta-feira (16) entre representantes da cultura e do Ministério Público Federal (MPF) e Defensoria Pública da União (DPU) também ficou definido que será criada uma comissão de heteroidentificação para evitar fraudes no acesso às cotas.
Para a integrante do Fórum de Artistas Pretes, Pretas e Pretos na Paraíba, a atriz e contadora de histórias, Fernanda Ferreira, a adoção das cotas raciais pelo estado da Paraíba, na Lei Aldir Blanc, é uma conquista dentre as muitas reivindicações dos movimentos sociais e culturais de pessoas negras organizadas em todo o Brasil, na luta por equidade racial.
“A adoção de 30% para ‘es artistas negres’ nos editais gerais lançados pela SecultPB, constitui uma possibilidade de fazer justiça numa conquista que pode ser considerada um marco histórico, em nível nacional, uma vez que nenhum outro estado brasileiro assumiu esse compromisso com a parcela negra/preta da população, neste momento de pandemia, em que a comunidade artística/cultural é um dos setores mais prejudicados e os negros/as estão em maior condição de vulnerabilidade diante da crise sanitária por que passa o nosso país”, observou Fernanda.
OBSTÁCULOS
Mulher preta, Fernanda, integrante da comissão de representação do Fórum de Artistas Pretes, Pretas e Pretos na Paraíba, enumerou alguns dos obstáculos encontrados pelos artistas pretos para acessarem os recursos da Lei Aldir Blanc, como “condições precárias, muitas vezes inexistentes, de acesso a recursos que atendam às necessidades técnicas de inscrição para os editais, tais como acesso à internet e equipamentos”.
Além disso, pontua Fernanda, há problemas em relação à ausência de representatividade das expressões e manifestações artísticas e culturais negras/pretas, periféricas e tradicionais de matriz africana nos editais lançados; solicitações de contrapartidas, muitas vezes fora da realidade de muitas pessoas artistas pretas que estão vivendo em condições extremas de vulnerabilidade; e ainda dificuldade de acesso ao diálogo direto com a SecultPB no primeiro momento de efetivação da Lei Aldir Blanc.
PRESENÇA DO CONSELHO ESTADUAL DA CULTURA NA REUNIÃO.
Já o Conselheiro Estadual da Cultura, Severino Antonio (bibiu), ressaltou que "toda esta demanda reprimida tem como causa, a maneira como o Secretário da Cultura do Estado lida com o Conselho que por não cumprir o Regimento Interno realizando o cronograma de reuniões, acumula uma demanda imensa de propostas que poderia ser encaminha pelos Conselheiros. O Secretario tambem não dialoga com os movimentos sociais pois, como no caso desta reunião que visivelmente avançou muitos passos, teve que ser articulada pelo mandato da Deputada Estela Izabel que acionou a Procuradoria da República através do Dr. José Godoy, para poder o Conselho e os Movimentos serem parcialmente ouvidos.
MOBILIZAÇÃO NACIONAL:
A demanda chegou ao MPF por meio de representação do Fórum dos Fóruns da Cultura da Paraíba, que já havia acionado a Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa, em abril de 2020, para tentar construir uma saída para a questão dos artistas e do setor da economia da cultura.
“Realizamos um fórum virtual ‘Cultura contra Covid’, enviamos documentos com propostas ao poder público, apresentamos projetos de lei, como a ‘Lei Zabé da Loca’ e realizamos uma audiência pública sobre a Lei Aldir Blanc com a participação da relatora da lei, a deputada federal Jandira Feghali”, lembra a deputada estadual Estela Bezerra, integrante da comissão da Assembleia.
O procurador da República José Godoy destacou a importância do debate público amplo e plural para o êxito na superação dos obstáculos, com a participação de diversos órgãos públicos, como a Assembleia Legislativa, a equipe da Secretaria da Cultura, que parou para escutar os reclames e os pleitos da classe artística, as Defensorias Públicas, do Estado e da União, do Conselho Estadual da Cultura e o próprio MPF.
“É de suma importância destravar os recursos para a classe artística num momento tão grave da pandemia, seja do ponto de vista sanitário ou da vulnerabilidade econômica desse momento”, ressaltou o procurador.
Matéria Editada por: Severino Antonio (bibiu) - (83)99369 3233
Matéria Originada do site do Ministério Público Federal da Paraiba
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