Congresso programa ato em defesa de verbas para a Cultura
Previsão do governo é queda de 16% no orçamento do MinC para 2012
Domingos de Oliveira, considera corte, um desrespeito à importância social da arte. |
RIO - As classes artísticas e políticas começam a se mobilizar contra a possível queda do orçamento do Ministério da Cultura para 2012. A Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura no Congresso e as comissões de Educação e Cultura da Câmara e do Senado programaram, juntas, um ato público em defesa de verbas para o setor. A mobilização será realizada na próxima quarta-feira, dia 23, às 16h, no auditório da TV Câmara, e promete reunir artistas, intelectuais e parlamentares.
O encontro terá como objetivo pressionar o governo e sensibilizar deputados e senadores para a importância de se fortalecer o orçamento do MinC. Como O GLOBO mostrou na semana passada, a previsão orçamentária do governo para 2012 prevê uma queda de 16% nos investimentos na pasta. Se confirmada após votação da Lei Orçamentária Anual no Congresso, será a segunda queda consecutiva no orçamento do setor, depois de sete anos de alta.
— Estamos pedindo uma audiência com a presidente. É muito ruim para a Cultura partir de um patamar de orçamento menor e esperar que o Congresso recupere — diz a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), presidente da Frente Parlamentar da Cultura.
O possível corte na verba do MinC também gerou reação de artistas. O cineasta Domingos Oliveira publicou em seu blog uma carta aberta à presidente Dilma Rousseff.
‘Ação criadora’“Não permita de modo algum que a verba do Ministério da Cultura seja cortada! Isto é uma bofetada na cara e uma vergonha no peito para qualquer homem sério deste país! É um desrespeito à importância social da arte. Se os artistas são inúteis num país pobre como o nosso, que sejam banidos ou mudem de atividade. Mas se é aceita esta importância, que isto seja feito convictamente”, escreveu.
O dramaturgo Zé Celso comentou o caso em seu blog: “Dilma não pode fazer isso com os artistas, inclusive com sua ministra, não lhe dando condições de ação criadora”.
Coletivos e artistas do Rio também se reuniram para elaborar um documento em defesa dos investimentos no MinC. Assinado por grupos como a cooperativa Projéteis e as ocupações Junto, Manifesta!, Complexo Duplo e Projeto Entre, o texto diz: “Essa falta de continuidade com a qual o governo joga é um pensamento claro de cultura como consumo e não como fluxo. Cultura como um produto que se gasta, e que acaba; e não cultura como parte da vida, que potencializa o estar no mundo, e que gera ainda mais vida. Nós artistas assumimos compromisso com os atravessamentos que produzam mais vida!”
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