Se Luiz Gonzaga foi o Rei do Baião, Jackson do Pandeiro foi o rei do suingue na música nordestina. Um dos pilares musicais da Nação Nordestina. O paraibano Zé Ramalho, conterrâneo de Jackson, sabe muito bem disso. Por isso está exultante com o disco que vai lançar neste mês de maio: Zé Ramalho Canta Jackson do Pandeiro. Trata-se de uma coletânea incrementada com nada menos do que seis gravações inéditas. Quatro - Quadro Negro, Cabeça Feita, Lamento Cego e Lá Vai a Boiada - foram feitas recentemente, em março, especialmente para a compilação editada pelo produtor Marcelo Fróes (autor da foto acima) por seu selo Discobertas. Duas, Forró de Surubim e Forró na Gafieira, são antigas, mas nunca tinham sido lançadas em disco. Completam as 12 faixas fonogramas já pré-existentes, licenciados por gravadoras como a Sony Music.Não creio que seja necessário comentar sobre a importância de Zé Ramalho na música brasileira. Desde o início dos anos 70 ele vem misturando em suas músicas suas origens nordestinas e suas influências de outros cantos do mundo. Dono de grandes clássicos da MPB, nos últimos anos o artista paraibano vem apostando em regravações e homenagens aos artistas que de algum modo o influenciaram.Desde o ano 2000 Zé lançou nove discos de estúdio, sendo que sete deles são de regravações. Ao mesmo tempo que é interessante ouvir o vozeirão de Zé Ramalho interpretando canções de outros artistas, também há um vazio pela falta de suas composições que muitas vezes transitam por trilhas místicas e históricas. Será falta de inspiração?De todo modo, depois de homenagear Raul Seixas, Bob Dylan e Luiz Gonzaga, dessa vez o homenageado é outro importante nome da música produzida no nordeste brasileiro: José Gomes Filho, ou melhor, Jackson do Pandeiro.Zé reuniu em 12 faixas algumas das canções mais marcantes da carreira de Jackson do Pandeiro. São xotes, baiões, xaxados e forrós marcantes e animados. Metade do álbum traz gravações inéditas até então (“Lamento Cego”, “Quadro-Negro”, “Cabeça Feita”, “Lá Vai a Boiada”, “Forró de Surubim” e “Gafieira”). As outras seis foram fonogramas tirados de outros discos.As gravações trazem convidados especiais. O sanfoneiro Sivuca dá sua contribuição em “Canto da Ema”, em gravação feita originalmente em 1994. Dominguinhos também colabora em “Forró de Surubim”, gravada em 2005 e inédita até agora. Zé Ramalho divide os vocais com o sanfoneiro Waldonys no clássico “Chiclete com Banana”.As duas primeiras músicas do disco, “Lamento Cego” e “Ele Disse” são mais contidas musicalmente, mas toda a animação que deu à Jackson o título de ‘Rei do Ritmo’ começa a aflorar em “Forró de Surubim”, chegando ao ápice na já citada “Canto da Ema”.Este álbum tem o mérito de trazer à tona canções importantes do cancioneiro nordestino um tanto esquecidas atualmente e por prestar homenagem ao Rei do Ritmo. Mas seria bom se Zé Ramalho voltasse a apostar em suas próprias canções.Depois de cantar Raul Seixas, Luiz Gonzaga e Bob Dylan, agora é a vez de Zé Ramalho cantar Jackson do Pandeiro (1919 - 1982). Nessa releitura, o artista homenageia mais um dos mestres que influenciaram sua carreira. Metade das canções são inéditas e foram gravadas em março. As outras integram repertório de outros discos do cantor. No novo álbum, estão músicas antológicas de Jackson, como "O Canto da Ema", "Chiclete com Banana", "Um a Um" "Lamento Cego", "Forró no Surubim" e "Casaca de Couro".No material de divulgação encaminhado à imprensa, Zé Ramalho conta que considera Jackson a segunda coluna do templo da música nordestina. "O Rei do Ritmo! Que alegria poder cristalizar meu conhecimento e admiração por Jackson através desse disco", escreve Zé Ramalho. A produção executiva ficou a cargo de Marcelo Fróes. O produtor é o mesmo que lançou recentemente obras em homenagem a Renato Russo e aos Beatles.Apesar de manter o ritmo de Jackson, sob a tutela de Ramalho todas as músicas ganharam uma nova roupagem, sendo acompanhadas de novos instrumentos. O resultado são canções mais rápidas, agressivas e modernas. Se estivesse vivo, Jackson provavelmente aprovaria a homenagem.
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