JACKSON DO PANDEIRO é natural de ALAGOA GRANDE, PB. |
O paraibano
José Gomes Filho é um milagre brasileiro. Passou fome, limpou fossas,
não frequentou escola, não tinha nenhuma pinta de galã, mas se impôs
como um dos mais carismáticos cantores e ritmistas do país.
A nova prova do
seu talento vem no atacado: 235 fonogramas, distribuídos em nove CDs
(sendo seis duplos) e embalados na caixa "Jackson do Pandeiro - O Rei do
Ritmo" –que tem, entre outros cuidados, o de contar com todas as letras
nos encartes. São cocos, xotes, xaxados, sambas e rojões –rótulo que
ele acrescentou à família do forró.
Com nome
artístico derivado da sua adoração pelo ator de faroestes Jack Perrin,
ele já era conhecido nas rádios da Paraíba e de Pernambuco quando
começou a gravar.
Tinha 34 anos, e seus dois primeiros discos em 78 rotações, produzidos no Recife, ganharam o país.
Basta ouvir
"Forró em Limoeiro", "Sebastiana", "Um a Um" e "A Mulher do Aníbal" para
entender por quê. As interpretações de Jackson não perderam um pingo da
força.
Em 1953 e 1954,
quando foram lançadas, o impacto tornou inevitável a mudança para o
Rio. Ele virou o novo ponta-de-lança da febre musical nordestina, que
Luiz Gonzaga iniciara na década anterior.
"A febre talvez
esmorecesse se Jackson não tivesse surgido. Ele foi o maior continuador
de Gonzaga, mas acrescentando elementos", diz o pesquisador Rodrigo
Faour, organizador da caixa.
Competitivos,
os dois mitos não se amavam. Nunca gravaram músicas um do outro. Sabe-se
de apenas um encontro profissional, numa rádio do Rio na década de
1970.
Compositor e
instrumentista de muitos recursos, Gonzaga exerceu influência mais
nítida nas gerações posteriores, a começar pela da chamada MPB: Gil
sobretudo, mas também Caetano, Edu Lobo, Milton e outros.
Jackson era
ótimo compositor, mas sua originalidade está mais na interpretação –de
temas de Rosil Cavalcanti, Edgard Ferreira, Gordurinha e Antônio Barros.
Sua maneira de dividir os versos, de atrasar ou antecipar notas, faz
parecer que ele cantava como se o pandeiro estivesse na garganta, não só
nas mãos.
E era um
performático cômico, atuando em palcos e filmes com a desenvoltura dos
artistas populares que conheceu nas feiras nordestinas.
Ao lado da mais
importante de suas parceiras (na vida e na carreira), Almira Castilho,
explorava a diferença de altura, encolhendo ainda mais seu 1,67 m para
ser o moleque atrevido ao lado de uma imponente mulher.
Essas
características somadas fizeram dele referência para os tropicalistas.
São célebres as gravações de "Sebastiana" por Gal Costa e de "Chiclete
com Banana" e "O Canto da Ema" por Gil.
Nos anos 1970, foi reverenciado pela nova geração de sua região. Mais do que todos, por Alceu Valença, também um performático.
No Sudeste, o
estilo e a obra de Jackson podem ser menos conhecidos hoje, mas
perpassam trabalhos diversos como os de João Bosco, Lenine, Pedro Luis e
até Paralamas do Sucesso, que gravaram "Um a Um".
DESAFIOS PARA MONTAR A OBRA
A caixa é uma
saga de dez anos. Inicialmente, Alice Soares e Maysa Chebabi, da
Universal Music, pretendiam preparar com Faour o relançamento de todas
as gravações na Philips e na PolyGram (antigos nomes da Universal).
Com a compra da EMI pela Universal, o projeto pôde incorporar os discos da década de 1950 do selo Copacabana.
A primeira fase
na Philips, nos anos 1960, é a que Faour chama de obscura. Foram muitos
discos, poucos sucessos –quase nada havia em CD.
Para cumprir a
missão de relançar tantos fonogramas em formato digital, foi preciso
buscar dezenas de autorizações de parentes de compositores. De vários
autores, pouco se sabe. O próprio Jackson não possui herdeiros diretos,
pois não teve filhos.
Dez fonogramas
ficaram de fora. A lacuna frustrou o desejo de se relançar os discos com
seus repertórios originais. Faour decidiu distribuir as 102 faixas por
três CDs duplos, em ordem cronológica.
Conseguiu
manter a íntegra de dois LPs: "Aqui Tô Eu" (1970) e "Isso É que É
Forró!" (1981). Este foi o último gravado por Jackson, que morreu em 10
de julho de 1982, de enfarte, aos 72 anos.
Folha
ADENDO - N cidade de ALAGOA GRANDE, PB, terra natal do ídolo JACKSON DO PANDEIRO, foi construído o MEMORIAL DE JACKSON DO PANDEIRO visitado por pessoas de todo o mundo. Telefone - (83) 9 9903 2392.
Editado por bibiu do jatobá direto do site http://alagoinhaemfoco.blogspot.com.br/2016/07/jackson-do-pandeiro-tem-lancamento-com.html#more
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