A zoada do motor de agave a óleo quebrava a
rotina e a monotonia daquele pé de serra. Eu via os trabalhadores cortando as
folhas dos pés de agave, via-os levarem para um paiol. Passavam a folha na
desfibradeira e colocavam a fibra amarela estendida em cordas suspensas para
secar.
Quando criança tinha algumas mechas
de cabelo amarelo e por isso diziam:
- Cabelo de agave!
Papai deixou intacto os partidos de
agave. É uma cultura resistente e
ajudava o gado na seca. Mas deixou de ganhar dinheiro com essa cultura,
substituída pela cana. Passou depois a vender, periodicamente, o partido de
agave a terceiros. Depois de muitos
anos, só ganhou um dinheiro quando vendeu a safra a um comprador de Cuité de
nome Zeca Maduro.
Poucos anos antes de sua morte,
desiludido com a possibilidade do preço de agave melhorar, mandou arrancar de
vez toda a plantação da propriedade, para ceder lugar a roçados.
Apesar de receber muita furada de
espinhos da agave, quando passava para levar o gado de volta ao curral, eu
tinha uma afeição muito grande ao agave , pois esta cultura ajudou muito meu
pai mo inicio de sua vida de casado.
Com dinheiro de agave, meu pai
comprou a casa em que nasci na rua da Olinda, depois demolida, que ajudou na
criação e educação dos seus filhos. Foi o pontapé inicial de uma jornada de
vida.
Do livro ”CRÔNICAS DA VIDA REAL” do escritor e jurista
alagoagrandense, MARTINHO RAMALHO DE MELO.
Editora IDÉIA, João Pessoa 2012, pg. 36.
Este texto foi digitado por Mariana Tamires da Silva
em 04/09/2013.
Postado por - Severino Antonio (bibiu)
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