Os
maracatus Nação e de Baque Solto e a brincadeira popular Cavalo-Marinho
receberam o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A
decisão foi tomada, ontem, quarta (3), na 77ª Reunião Deliberativa do
Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, realizada no Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília. O
registro no livro Formas de Expressão “amplia o trabalho de salvaguarda e
fortalece as manifestações pernambucanas”, segundo o superintende
regional do Iphan no estado, Frederico Almeida.
Também conhecido como Maracatu de Baque
Virado, com a grande maioria dos grupos concentrada na periferia do
Grande Recife, o Maracatu Nação é uma forma de expressão que apresenta
um conjunto musical percussivo a um cortejo real, que sai às ruas para
desfiles e apresentações durante o carnaval. No cortejo estão
personagens que acompanham a corte real, como o séquito do rei e da
rainha do Maracatu Nação e outras figuras, entre elas as baianas, os
orixás, as calungas – bonecas negras confeccionadas com madeira ou pano –
consideradas ícone do fundamento religioso e marco identitário dos
maracatus nação.
Já o Maracatu Rural, folguedo também
conhecido por maracatu de baque solto, maracatu de orquestra, maracatu
de trombone ou maracatu de baque singelo, ocorre durante as comemorações
do Carnaval e da Páscoa. É composto por dança, música, poesia e está
associado ao ciclo canavieiro, especialmente da Zona da Mata Norte de
Pernambuco. A manifestação é revelada em gestos, performances, nos
pantins de caboclos e dos arreiamás, na dança das baianas, nas loas dos
mestres, nas indumentárias vestidas pelos folgazões. Diferente do Nação,
o Maracatu Rural é um resultado da fusão de expressões populares, como
cambindas, bumba-meu-boi e cavalo marinho e coroação dos reis negros.
O Cavalo-Marinho é uma brincadeira
popular que envolve performances dramáticas, musicais e coreográficas
apresentadas durante o ciclo natalino. Seus brincadores são, em geral,
trabalhadores da zona rural, mas também ecoa no Grande Recife e em João
Pessoa (PB), além de vários outros territórios do País. Durante a
encenação ocorrem danças com personagens mascarados e bichos, como o boi
e o cavalo, que dá nome à brincadeira. Contém ainda louvação ao Divino
santo Rei do Oriente e possui momentos em que há culto à Jurema Sagrada.
O Cavalo-Marinho se realiza num terreiro de chão plano e, geralmente,
no ar livre e reúne, ainda um grande número de elementos
artístico-culturais e sócio-históricos, como mestres e os elementos da
vivência do trabalho rural.
O Inventário Nacional de Referências
Culturais (INRC) de cada uma dessas manifestações foi entregue ao Iphan
em 13 de agosto de 2013. O Conselho que aprovou registro de título de
Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil é formado por especialistas de
diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia.
Ao todo, são 23 conselheiros que
representam instituições como o Instituto dos Arquitetos do Brasil
(IAB), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), a
Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Ministério
da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o
Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), a Associação Brasileira de
Antropologia (ABA) e mais 13 representantes da sociedade civil, com
conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
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