Alagoa Grande (PB) 31.08.1919 – Brasília (DF) 10.07.1982
Se eu possuísse uma bola de
cristal, se eu fosse favorecido pelo dom da premonição, da adivinhação,
de prever os acontecimentos futuros, teria adiado aquela despedida de
solteiro!
O brasileiro é vidrado na
Monarquia, tem rei pra tudo quanto é ramo de atividade. Eu também, pois
brasileiro sou. Mas, na Música Popular Brasileira, só rendo vassalagem
incondicional a seus três verdadeiros e incontestáveis Monarcas: Chico
Alves, o Rei da Voz; Luiz Gonzaga, o Rei do Baião; e Jackson do
Pandeiro, o Rei do Ritmo.
Pois bem, se eu fosse adivinhão,
se soubesse que, na noite daquele sábado, dia 3 de julho de 1982,
quando eu aniversariava, Jackson do Pandeiro, ídolo do qual possuo todo o
repertório gravado, faria, aqui em Brasília, o último show de sua vida,
teria adiado minha despedida de solteiro para o sábado seguinte, pois o
casamento só aconteceria no dia 17.
10 de julho de 2012, 30 anos sem Jackson do Pandeiro!
Enquanto eu me esbaldava na
cachaça e na farra junto aos amigos de copo e de pândega, Jackson,
coadjuvado pelo Trio Siridó, realizava, na Associação dos Servidores do
Ministério da Educação, num evento denominado III Festa Junina da ASMEC,
o derradeiro espetáculo de sua breve existência.
No dia seguinte, 4 de julho,
domingo, já no Aeroporto, sofreu um enfarte, sendo conduzido ao Hospital
de Base e, posteriormente, ao Hospital Santa Lúcia, onde foi internado
na UTI.
Na segunda-feira, dia 5, o
Brasil disputaria uma semifinal – que perderia – da Copa do Mundo de
Futebol com a Itália, em jogo que ficou conhecido como a Tragédia do
Sarriá. Jackson era flamenguista ardoroso, como se pode ver na música Bola de Pé em Pé,
que ele cantava com fervor. Além disso, alimentava especial admiração
pelo jogador Zico, que era seu maior astro no futebol. Na terça-feira,
dia 6, ao acordar, e tendo à cabeceira dona Neuza, sua mulher,
lembrou-se do jogo e esta foi a primeira pergunta que fez à companheira:
– Zico fez gol, o Brasil ganhou?
No dia 10 de julho, sábado,
ainda no Hospital Santa Lúcia, uma semana após sua última apresentação, o
Rei do Ritmo veio a falecer, sendo seu corpo trasladado para o Rio de
Janeiro, onde foi sepultado.
Jackson sempre teve o semblante
fechado, quase não sorria, mas as músicas que deixou gravadas estavam
repletas de alegria. A foto a seguir foi pinçada da capa do livro Jackson do Pandeiro, O Rei do Ritmo,
de Fernando Moura e Antônio Vicente, magnífico e alentado trabalho de
pesquisa, com todos os fatos marcantes da vida do artista, assim como
sua completa discografia.
Nela, com seu pandeiro, seu
chapéu de lado e envergando camisa estampada de confetes, Jackson
exterioriza, em faceto sorriso, a alegria que sempre carregava em seu
íntimo, personalizada, não só em seus forrós, como nos sucessos
carnavalescos com que animou todos os foliões brasileiros, dentre os
quais relaciono os mais conhecidos: Boi da Cara Preta, marcha, Chiclete com Banana, samba, É Bom Demais, marcha, Maria Gasolina, marcha, Me Dá Um Cheirinho, frevo-canção, Meu Amor Me Bateu, marcha, Micróbio do Frevo, frevo-canção, Na Base do Berimbau, marcha, O Velho Gagá, marcha, Papel Crepom, marcha, Perdoarei, samba, Pombo-correio, marcha, Tô com a Macaca, frevo-canção, Velho Sapeca, marcha, Vou Gargalhar, samba, Vou Ter Um Troço, marcha,
Em agosto de 2019, ou seja,
daqui a sete anos, será comemorado o Centenário de Jackson do Pandeiro.
Com a Graça de Deus, estarei lá, firme e forte, gozando plenamente de
minhas faculdades mentais, intelectuais, musicais e informáticas. Também
lá estará o Papa Berto I – eis que 10 anos mais novo que eu –, editor
do Jornal da Besta Fubana, para, em mais uma parceria em nossas
vidas, homenagearmos esse grande nome da Música Popular Brasileira,
postando, a cada dia do ano – a exemplo do que vem fazendo atualmente o
Papa com Luiz Gonzaga –, uma de sua gravações.
Em 1978, Jackson lançou o LP Alegria Minha Gente, com músicas instigantes, de ritmos quentes e plenas de otimismo.
Os rojões A Luz do Saber, de João Lemos, Mundo Novo, dele e de Valdemar Lima, e Não Me Falta Nada,
de Durval Vieira, são atestados do modo positivo como Jackson encarava a
vida, neste e no outro plano, que um dia habitaremos. Plano esse no
qual ele ora se encontra, o Racional Superior, tão bem retratado na
música que dá título á um de seus elepês.
Prezado BIBIU, eu sou o cara que deu a grande mancada do dia ao trocar o nome da cidade onde Jackson do Pandeiro Nasceu. Peço-lhe desculpas e
ResponderExcluirpermissão para mandar um texto que escervi sobre
grande artista paraibano que fez escola.