domingo, 3 de abril de 2011

Todas as cores de Clóvis Júnior

Um mergulho num mundo das cores da cultura popular, da raiz nordestina. Assim são os quadros de Clóvis Júnior. Nas telas espalhadas pelo ateliê e pelo mundo, o artista expõe seu íntimo, planta cajueiros que o homem arrancou do bairro do Bessa e alhures, faz reviver o boi bumbar, o folclore, faz mais, liberta o imaginário da criança que existe em cada ser.


O paraibano, nascido em Guarabira, prepara mais uma mostra individual, O reino do sol, marcada para setembro, na Câmara dos Deputados, em Brasília. As novas telas ganham cores e formas que saem do imaginário do artista no ateliê no bairro do Bessa. É lá o refúgio para dar vida aos quadros. A exposição terá entre 25 a 30 obras.


A arte de Clóvis Júnior é ecológica, é nordestina. Ele usa o pincel como aríete transformado em alerta à necessidade de se preservar o meio ambiente, de mais vida, alegria. Clóvis Júnior tem 28 anos de carreira e explica a paixão pela pintura dizendo que a arte o escolheu. "A pintura não quer saber de sua vida, ela quer ser executada". Após descobrir o estilo Naïf (arte primitiva moderna, não acadêmica), ele também trabalha com esculturas e desde 2009 enveredou à pintura em cerâmica.

A dedicação às cores (cuja preferida é o azul), às telas, aos temas regionais é obedecida diariamente. "É um trabalho que me cobro. Eu vivo da minha arte e procuro manter uma rotina", diz Quando decidiu atender ao chamado da pintura e comunicou à família, Clóvis Júnior lembra que ouviu de um irmão seu a seguinte frase: "é difícil viver de arte, de cada um milhão só um consegue". A resposta foi decidida e lançava um desafio a si próprio: "eu respondi, 'vou ser esse um'".

Fiel às raízes

No ateliê, em meio a uma obra inacabada, às tintas, cavaletes, matérias em recortes de jornais e revistas e paredes que expõe trabalhos finalizados, Clóvis Júnior relembra a caminhada. As exposições foram se multiplicando, os prêmios sendo conquistados.

Em Nova York, percebeu a globalização, respirou e manteve-se fiel às origensao retratar a metrópole. "Quando cheguei lá quase enlouqueci. Não conseguia mais pintar", rememora com um sorriso e conclui: "após alguns dias percebi que não tinha que mudar minha arte". O resultado foi que a Estátua da Liberdade, a Times Square, o Empire States, que foram pintados na companhia de cajus, bois e aves do Nordeste.

Prêmio

O resultado do sucesso pode ser traduzido em rápidos números: 35 exposições individuais pelo Brasil e mais de 50 coletivas e salões, sendo 16 mostras internacionais. Em 1993, ele conquistou o primeiro lugar num concurso de pintura para o Programa das Nações Unidas pelo Controle Internacional das Drogas. O currículo inclui mostras em Londres, Paris, Buenos Aires e Nova York.

Novos espaços

A projeção internacional não conseguiu arrancar a raiz paraibana e a luta por mais espaço para o artista local. Clóvis Júnior defende a criação de um espaço na cidade para que seja exposto um acervo permanente de artistas paraibanos. "Pedro Américo é paraibano, pintou o quadro do Grito do Ipiranga, mas se alguém visita o estado e quer ver obras dele não tem onde ir, falta um espaço com um acervo permanente", diz.

Aliás, os ateliês também devem entrar no roteiro turístico da cidade. Ele lembra que costuma receber visitantes. "São turistas que procuram o ateliê, que gostam de saber como é a produção de um artista local". Além dos visitantes de longe, o espaço é também freqüentado por estudantes, escolas promovem excursões. As crianças se identificam com os quadros do artista, coloridos, alegres e com temas regionais.

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