AOS LEITORES DO BLOG - MAIS UM ARTIGO DO ESCRITOR JOSÉ GUEDES

 

 ÁGUA QUE TE QUEREMOS TANTO – DA BARRAGEM PITOMBEIRA.

 Aprendi, quando menino, que no decorrer de um século haveria sempre três (03) grandes secas e doze (12) repiquetes. Ora, se nos voltarmos para a série histórica da meteorologia do século passado é possível até constatarmos isso, pois, a seca no Nordeste brasileiro é uma regra, nunca uma exceção. Lembro-me bem que no século passado (XX) alguém quando criticava um glutão – pessoa que come exageradamente – perguntava àquele: – Tá com a fome de trinta?..., dando a entender que não era uma alusão a trinta pessoas, mas se referindo a “1930”, que foi um ano seco, sem produção de gêneros alimentícios, de fome.

Não é demais lembrar que, cá entre nós, nos anos 1957 e 1958 a seca foi tão grande que aqui no Brejo Paraibano sequer se produziu farinha de mandioca, esta que para ALAGOA GRANDE chegava com o nome de “FARINHA DO BARCO”, e nos era trazida de algum lugar do Estado da Bahia, através do caminhoneiro ”JOÃO DE NAZINHA” (saudosa memória). E para terminar o século com a assertiva de que ocorreriam três grandes secas, no biênio 1998 – 1999 a nossa LAGOA DO PAÓ, ou LAGOA GRANDE – donde deriva o nome do nosso município e cidade, respectivamente – secou, cuja fotografia mais representativa daquela calamitosa seca trás no seu foco o popular “SILVA DO BAR” em meio ao ressequido e rachado fundo da LAGOA.

De certa feita, salvo engano no ano de 2002, compondo uma excursão para visitar as obras da famigerada BARRAGEM CAMARÁ, instalada no Município de ALAGOA NOVA–PB, ali no canteiro de obras instalado na antiga casa sede do extinto ENGENHO SÃO LUIS, vi um MAPA no qual constava um ponto vermelho em destaque cujo então Secretário de Recursos Hídricos nos informava que se tratava do local há muito tempo planejado para a construção da BARRAGEM PITOMBEIRA, acima e no mesmo curso da CACHOEIRA SERRA GRANDE, esta última que desde 1949, através de barramento e adutora ali construídos pelo Governo de Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Mello, até hoje abastece a cidade de AALAGOA GRANDE–PB .

Ali nasce um sonho dos alagoagrandenses de acabar “a lata d’água na cabeça”. E me permitam fazer aqui um comparativo desse nosso sonho com o sonho da personagem no fragmento da música “CONCEIÇÃO”, de KAUBY PEIXOTO: – “CONCEIÇÃO! Eu me lembro muito bem / Vivia no morro a sonhar / Com coisas que o morro não tem...”. Mas, lá no nosso MORRO DA PITOMBEIRA tem água, sim senhor! É, aqui cabe até plágio ou paródia do fragmento “CONCEIÇÃO”: – “Meus irmãos! Nos lembremos muito bem / Valeu a pena sonhar / Com a água que o MORRO (PITOMBEIRA) tem...”.   

 E a obra saiu do chão. O sonho está se materializando: O talude, o que chamamos popularmente de “baldo”, já está a uma altura considerável, dentro do planejamento da obra; as pessoas cujas casas serão submersas pelas águas que virão já foram indenizadas, e dali saíram. Há, porém, aqui em ALAGOA GRANDE–PB, o que denominaram com muita propriedade, grupo do ”QUANTO PIOR, MELHOR”, infestado de virulência da Paixonite politicus aguda Sp (sem espécie definida), que prefere as agruras do esforço de mendigar um copo d’água de fontes que não se sabem da procedência à terem água dum reservatório conhecido, com tratamento e tudo mais que caracteriza a potabilidade da água para consumo humano.

Na conferência proferida por CELSO MARIZ, no THEATRO SANTA IGNEZ/1949, assim foi dito: – “(...) A vossa cidade é bela e original; seus montes próximos oferecendo a amplidão e a poesia dos horizontes claros do nascente...”. Aqui, faço minhas as palavras do poeta alagoano IVO LEDO: – “(...) Amar cidade, só uma...”. No meu caso e de quem mais me faço acompanhar – o grupo do “QAUANTO MELHOR, MELHOR” –, recomendo, seguindo o poeta GONÇALVES DIAS: – “Ama a terra em que nascestes”. E olha que sou campinense, mas, alagoagrandense de coração!   

Escrito por:  JOSÉ GUEDES
Fonte da noticia -  http://www.portalpao.com/news/agua-que-te-queremos-tanto-da-barragem-pitombeira-/

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